Os seis soldados da PM suspeitos de atear fogo a um jovem desempregado que dormia numa construção em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, na terça (12) foram levados para o Presídio Militar Romão Gomes e deverão responder por tortura e tentativa de homicídio.
Os curativos ficaram espalhados em 30% do corpo de Ednaldo da Silva Lopes. O rapaz, de 24 anos, teve queimaduras de segundo grau no peito e na barriga e de primeiro grau no pescoço e no braço. São as marcas da violência sofrida durante uma abordagem policial.
Ednaldo da Silva Lopes conta que estava dormindo em uma casa em construção quando foi acordado pelos policiais. “Quando menos eu espero vem os policiais me abordando: ‘perdeu, perdeu, perdeu’. Eu disse: perdeu o que senhor? Eu estou dormindo. E eles disseram: vamos matar ele, é um a menos para dar trabalho para nós”, afirma.
Segundo a vítima, um dos PMs jogou tinta nele e outro derramou álcool. Os policiais levaram o jovem para fora da construção e o revistaram. Ele conta que os PMs consultaram o nome pelo rádio. Quatro foram embora e dois ficaram. Um deles acendeu um isqueiro e o fogo se alastrou pelo corpo.
“Foi tipo uma brincadeira que ele quis fazer para deixar eu com medo. Mas nessa brincadeira, o álcool já estava no meu corpo e ele veio riscar o isqueiro. Aí nessa que ele riscou, o fogo subiu”, lembra.
No pronto-socorro de Taboão da Serra, o rapaz contou aos médicos que, mesmo em pânico, conseguiu arrancar as roupas molhadas de álcool. Por isso, as queimaduras não foram mais graves. Ele diz que foi socorrido pelos próprios policiais, o que ajudou na identificação deles.
Os seis policiais militares foram presos em flagrante. Dois dos PMs disseram à Polícia Civil que apenas ofereceram um cigarro ao jovem.
“Isso tanto não foi possível em face dos demais elementos comprobatórios que os mesmos foram autuados em flagrante por não ter consistência essa versão”, afirma o capitão Luiz Antônio Rosas, comandante do policiamento em Taboão da Serra.
Mesmo machucado, o jovem acha que nem todos os PMs deveriam ser punidos. “Quem tem que estar preso é só um. Só ele que colocou fogo”, diz.
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